sábado, 7 de fevereiro de 2009

As Chuvas de Ontem (06/02/2009)

Ontem a tarde começou a chover, e só foi cessar agora pela manhã.
Como eu gosto muito quando chove, fiquei então olhando na tarde, da janela do meu quarto, os pingos caírem ritmados no chão.
Antes, porém, de iniciar a chuva, o tempo sempre traz junto, aquele ventinho gostoso, aquele frescor da vida, aquele cheiro de terra quase molhada.
Fiquei parado assim, por um momento, sentindo aquele aroma agradável e como que fui hipnotizado pelas gotículas que começara a cair limpidamente...
O pensamento então voou no espaço, e voltei numa espiral, há muito, muito tempo atrás. Queria estar lá fora novamente, para brincar na chuva, correr, saltar, jogar água nos amigos e eles em mim, sem futuro nem passado, só aquele presente, que agora sei que não volta mais...
Aqueles momentos podem ter sido muito insignificantes para muitos, porém, pra mim, foram muitos significativos e até hoje os guardo lá no fundo da memória, e sempre quando chove, o pensamento voa longe...
Quando começa a chover por aqui, a chuva vai caindo de mansinho, devagarzinho, bem de leve mesmo. Vai molhando as coisas como o orvalho, que molha tudo e todos os que se deixam, por ele, ser molhados (que o orvalho molha quem o deseja, não quem o quer).
Depois começou a cair mais forte, e aí, ela foi levando os sonhos, molhando os ressentimentos, apagando a solidão, trazendo esperança, lavando a alma...
Foi muito gratificante tê-la tão perto, tão juntinho, sentir seu perfume nas cores vibrantes do arco-íris que iluminou o meu olhar naquela ante tarde.
As lembranças vêm nítidas nesses momentos, e a imaginação flui mais agilmente, mas facilmente. Fui assim, escrevendo frases conexas e desconexas, umas tecidas às outras, outras descartadas e jogadas na lixeira...
Já era noite alta, quando um trovão estrondou lá fora e um relâmpago cortou o céu! A chuva começou a definhar, mais aí veio aquele vento soprando frio bater na janela descerrada do meu quarto, num quase imperceptível assovio.
No pensamento os sonhos foram se misturando aos pesadelos, e os dedos correram mais céleres nas teclas do computador, digitando, martelando, teclando, cortando palavras e frases!
Já um tanto feridas pelo lapidar nos teclados, as mãos começaram a tremer, e a retina dilatada, salta vermelha dos olhos que miram à tela do computador. Já é tarde!
O computador vai cansado...
Os dedos, as teclas, o corpo, a alma, todos vão perdidos no compasso da chuva, das horas...

(® P.O.Velásquez)

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